terça-feira, 12 de junho de 2012

História da Tijuca

Praça Saens Peña Hoje
Entender o nascimento deste tradicional e famoso bairro do Rio de Janeiro requer um retorno à época do descobrimento, quando os primeiro exploradores chegaram nesta região e ouviram dos índios a expressão “Tijuca” que na língua tupi significa charco, pântano ou alagadiço.  O nome, porém, se refere principalmente à região da Lagoa da Tijuca, que possui muitos mangues e água parada, e que está separada do atual bairro da Tijuca pelo Maciço da Tijuca, razão pela qual acabou por adquirir o nome dessa lagoa.

Logo após a vitória dos portugueses sobre os franceses no episódio “França Antártica”, em 1565, a região do atual bairro da Tijuca foi ocupada pelos padres jesuítas, que nela instalaram imensas fazendas dedicadas ao cultivo de cana-de-açúcar.

Por volta de 1583, os jesuítas montaram três engenhos de açúcar na região: o primeiro passou a se chamar Engenho Velho; o segundo, Engenho Novo, foi construído mais ao norte e o terceiro foi chamado de São Cristóvão.

Neste período, ao lado do Engenho Novo, foi construída uma capela em homenagem a São Francisco Xavier que está no mesmo local até hoje.

Em 1759, com a expulsão dos jesuítas do Brasil pelo governo de Marquês de Pombal, administrador e representante da coroa portuguesa no reinado de Dom José I, as fazendas foram vendidas a centenas de novos sitiantes.

A região passou a caracterizar-se pelas suas chácaras e, a partir do século XX, passou a ser um bairro tipicamente urbano.

Para se ter uma idéia da vastidão dessas terras, basta imaginar que nelas estão os bairros do Rio Comprido, Estácio, São Cristóvão, Maracanã, Tijuca, Vila Isabel, Andaraí, Engenho Novo, Méier e Benfica. Mais precisamente no Engenho Velho, passou a florescer então um bairro de chácaras, palacetes e vivendas, que pertenciam a nobres e estrangeiros abastados. Muitos desses nobres se estabeleceram e aumentaram suas fortunas com base na exploração da área.

Cafezais foram plantados ao extremo, chegando aponto de se devastar a Mata Atlântica, assuntando o Imperador Dom Pedro II, que no dia 11 de dezembro de 1861 determinou o replantio total da floresta, ato que culminou na criação da maior floresta urbana do mundo. A própria Imperatriz Leopoldina, dada a sua paixão por botânica passou a subir pelo antigo caminho da fazenda, depois chamado de Estrada Velha, estrada Nova, e hoje,  a conhecida Avenida Passos, para aproveitar a beleza e a tranqüilidade da floresta.

Neste paraíso dentro da cidade, foi criado o Parque Nacional da Tijuca. Mas enquanto a história se desenrolava no alto dos seus morros, a Tijuca crescia e virava um bairro tradicional.

Em 1859, os primeiros bondes da América do Sul trafegaram de forma experimental no bairro. Eram carros de tração animal da Companhia de Carris de Ferro da cidade à boa Vista, chamados de “carros da Tijuca” ou “maxabombas” Dez anos depois, começaram na cidade os serviços regulares de bondes puxados por burros, com a linha inicial indo do Centro ao Lago do Machado. A implementação dos bondes de tração animal popularizou os passeios à Tijuca.

A chegada do bom elétrico foi em 1892, numa linha que pertencia à Companhia Ferro-Carril do Jardim Botânico, e levava os passageiros do lago da Carioca até a Rua Dois de Dezembro. A população se assustou com a inovação, a ponto de ter que ser afixado nos espaldares dos bancos: “a corrente elétrica nenhum perigo oferece aos senhores passageiros”.

Vários pontos da Tijuca ganharam seus nomes graças ao bonde. “Muda” se chama assim por causa da parada que se fazia ali para que os animais cansados fossem trocados por outros, e se pudesse seguir caminho para o Alto da Boa Vista. A Usina, outro local famoso, tem esse nome porque naquele trecho se situava uma usina elétrica. Era lá que onde os bondes davam a volta para percorrer de novo o bairro.
Praça Saens Peña com vista para o Cinema Olinda
A Tijuca também fez história com os seus cinemas. Em 26 de outubro de 1907, era inaugurado na Rua Haddock Lobo, nº. 17, o primeiro cinema da região, o Pathé Cinematográfico. Até o final daquela década, mais nove cinemas foram abertos na Tijuca. Confirmava-se a fama do bairro de Broadway tupiniquim. Até mesmo o velho e feio largo da Fábrica Chitas, que passou a se chamar Praça Saens Penã em 1911, em homenagem ao presidente argentino, ficou mais bonito com a proliferação dos cinemas. O auge aconteceu na década de 1940, quando foi inaugurado nesta mesma praça o cinema Olinda, o maior do Brasil, com capacidade para 3.500 lugares.

Na década seguinte, a Tijuca veria a decadência dos cinemas e o apogeu do futebol. Em 1950 era aberto às margens do Rio Maracanã, o estádio Mário Filho, o maior do mundo. O futebol já recebia grandes clássicos no estádio do América Futebol Clube, na Rua Campos Sales, mas com a construção do gigantesco complexo esportivo, o bairro jamais seria o mesmo. Os domingos ficaram mais alegres e festivos. Com o regime militar, a Tijuca, que sempre teve seus moradores representantes do conservadorismo, talvez por causa da estreita relação com a nobreza imperial no século XIX, abrigou alguns capítulos negros da história do Brasil. Era lá, no 1º Batalhão da Polícia do Exército, que soldados eram treinados para a repressão. Mas a fase sombria da Tijuca passou.

Obras do Metrô na Praça Saens Peña
E hoje, em meio ao caótico murmurinho de suas ruas centrais e a tranqüilidade inabalável de suas florestas, passeiam os moradores sempre prontos a dar informações, contar casos, estórias, e fazer dia-a-dia a História da Tijuca e o Grupo Digitalmax veio fundar uma Unidade para também fazer parte desta história.

Um comentário:

  1. Sou do
    NaTijuca.com e um dos meus trabalhos é pesquisar quem valoriza a região assim como nós. E durante essa pesquisa encontrei vocês.

    Puxa, que legal vocês além de oferecem bons cursos, se mostrarem parte da comunidade onde estão localizados. Só o fato de vocês manterem um post como esse, onde a história da Tijuca é contada, comprova isso.

    Parabéns pelo trabalho!


    Abraço!
    Vivian Guinzani
    NaTijuca.com

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